sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

premio nobel

Os Prémios NobelPE ou Prêmio NobelPB foram instituídos por Alfred Nobel, um industrial sueco, inventor da dinamite, em seu testamento. São atribuídos anualmente no dia 10 de Dezembro, aniversário da morte de Alfred Nobel, às pessoas que fizeram pesquisas importantes, inventaram técnicas pioneiras, ou deram contribuições destacadas à sociedade.

É um dos nomes da medicina mundial. Egas Moniz foi o primeiro português a ganhar o Nobel. Descobriu a angiografia cerebral, método que permite ver o que se passa nas artérias do cérebro, abrindo caminho para a cirurgia cerebral. Foi um humanista que se interessou pela cultura e política. Hoje, há um movimento para lhe retirar o Nobel, devido aos efeitos, por vezes nefastos, da leucotomia, técnica que lhe proporcionou o Prémio. “Estas intenções são ignorantes. O Nobel não foi dado pela terapêutica, mas pelo avanço do conhecimento”, diz o médico Alexandre Castro Caldas.
– Contrair Conteúdo
A ciência avança sempre que os homens encontram respostas para os problemas. Egas Moniz contribuiu de forma decisiva para o avanço da Medicina. Enfrentou todos os obstáculos - e nunca desistiu. Ultrapassou a falta de condições que, para João Lobo Antunes, neurocirurgião e professor catedrático da Faculdade de Medicina, é o “álibi português” para nada se concretizar. Tinha sofreguidão por conhecimento. Egas Moniz assemelha-se aos sábios do Renascimento que exploraram as várias facetas do conhecimento humano. Interessou-se por tudo o que era ciência, arte e cultura. Preocupou-se com o País. “Era um homem ligado aos problemas directos da sociedade”, afirma o sobrinho-neto, António Macieira Coelho. Foi a voz da coerência. António Caetano de Abreu Freire nasceu perto de Aveiro, em Avanca, em 29 de Novembro de 1874. O seu apelido foi alterado por insistência do padrinho, porque a família descendia de Egas Moniz, o célebre aio de D. Afonso Henriques. António começou a ir à escola em Estarreja. Os estudos foram pagos por um tio, o abade Pina Resende Abreu de Sá Freire, devido a problemas financeiros do pai, que acabou por emigrar para Moçambique. Depois de ter frequentado o ensino secundário em Castelo Branco, Egas Moniz foi para Coimbra e matriculou-se em medicina. Durante o curso, perdeu os familiares mais próximos. Primeiro o pai, em 1891, seguindo-se o irmão, a mãe e, finalmente, o tio benemérito, falecido em 1898. Egas Moniz deixou profunda marca na Universidade de Coimbra. Tinha uma personalidade única. “Um homem profundamente sedutor”, descreve João Lobo Antunes. Tinha grande dom para a oratória. Sempre que era necessário um discurso, era a ele que recorriam. Sem perceber nada de música, foi eleito presidente da Tuna Académica de Coimbra. A propósito disso, o neurologista Alexandre Castro Caldas conta este delicioso episódio: “Houve várias tentativas para a sua participação na Tuna, tocando ferrinhos e fingindo que cantava, mas não foi possível.” Egas Moniz discursava e retirava-se antes do início das cantorias.
Esta era uma característica rara – invejável, até – de Egas Moniz: a capacidade de gerir mil solicitações e a maior pressão como quem contorna um buraco na estrada. Conseguia um equilíbrio notável. Parecia ter tempo para tudo. A esta descontracção aliava o facto de ser um vulcão à beira da erupção. De facto, parar não era o seu verbo. Quando se olha para a vida dele, é fácil dizer que o seu futuro sempre se concretizou.·Formou-se em 1899 e prestou provas de doutoramento em 1901. Escolheu um tema tabu: a sexualidade. Para Alexandre Castro Caldas, a escolha demonstra “o gosto pelo risco e por estar à frente dos outros”. Pormenor: o livro só podia ser comprado com receita médica. Ainda assim, foi um êxito. Teve 16 edições, que foram sendo actualizadas à luz de novos conhecimentos, como a psicanálise. Após o doutoramento, começou a dar aulas de Medicina em Coimbra. Em 1911, com a criação da Universidade de Lisboa, mudou-se para a capital, onde se tornou responsável pela cadeira de Clínica Neurológica na Universidade de Lisboa. Foi também em Lisboa que abriu o seu primeiro consultório. O seu lema? “É melhor dar um exemplo do que desenvolver uma teoria.”·A política entrou na vida de Egas Moniz quando estava ainda na universidade. “Começa ao lado dos monárquicos e acaba por entrar no Partido Republicano”, revela o sobrinho-neto, António Macieira Coelho. Egas Moniz era um democrata liberal e admirador do sistema inglês. Foi preso em 1908 devido ao seu envolvimento na tentativa de golpe de Estado contra a ditadura de João Franco. Instaurado o regime republicano, foi deputado em várias legislaturas. Em 1917, fundou o Partido Centrista, uma união de monárquicos progressistas e republicanos que não se reviam no seu partido. Apoiou o golpe que colocou Sidónio Pais no poder. Foi nomeado, nesse mesmo ano, embaixador de Portugal em Madrid. Um ano mais tarde era ministro dos Negócios Estrangeiros, chefiando a delegação portuguesa à conferência de paz que se realizou em Versalhes, no fim da I Guerra Mundial. “Teve uma acção importante na defesa dos interesses portugueses”, salienta António Macieira Coelho.·Em 1919, com o assassinato de Sidónio Pais, decidiu abandonar a vida política, dedicando-se de corpo e alma à investigação científica. Começou a fazer deslocações a outros países, principalmente a França. “Moniz era internacional, numa época em que as pessoas viajavam pouco”, conta Alexandre Castro Caldas. Estava a par de tudo o que se passava na Europa.·Foi numa das suas viagens a Paris que observou uma técnica que permitia visualizar a espinal-medula. É o começo da angiografia cerebral, técnica que usava raios X para visualizar o que se passava no cérebro. A médica e fadista Kátia Guerreiro afirma: “Foi um dos grandes feitos da Medicina. Permitiu descobrir aneurismas, tumores e estudar os vasos sanguíneos do cérebro.” As experiências duraram até 28 de Junho 1927, dia em que obteve a primeira arteriografia. Com esta descoberta, passou a ter grande prestígio internacional. “Não há conferência internacional de neurocirurgia que não pegue em temas de angiografia”, diz João Lobo Antunes.·Egas Moniz foi, desde 1922, director do Hospital Escolar de Lisboa, várias vezes presidente da Academia das Ciências e director da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Em 1939, ia perdendo a vida quando um doente entrou no consultório alvejando-o com oito tiros. Apesar de ter sido atingido por cinco, sobreviveu.·Depois do sucesso da angiografia, Egas Moniz dedicou-se a outro projecto. Queria tratar algumas doenças mentais, através do corte das fibras de ligação entre os neurónios. A este procedimento foi dado o nome de leucotomia. Estava longe de imaginar a controvérsia que este método cirúrgico geraria anos mais tarde, especialmente nos Estados Unidos, país onde a leucotomia foi bastante utilizada. O problema maior foi o facto de alguns doentes saírem do bloco operatório em estado vegetativo. Alexandre Castro Caldas defende o médico português: “Temos de olhar para a leucotomia como um enorme progresso que permitiu perceber que as doenças mentais têm um suporte biológico.”·Em 1945 ganhou o Prémio de Oslo e em 1949 o Prémio Nobel da Medicina. Um feito notável. “Portugal estava completamente fora dos prémios científicos”, avança António Macieira Coelho. O Nobel acabou por ser um embaraço para Salazar, que não gostou de ver um opositor ganhar tamanho prestígio. Egas Moniz faleceu seis anos mais tarde, em 1955.·Este homem de ciência foi uma personalidade fascinante. Até ao fim da vida, demonstrou sede de conhecimento. Ambicioso, deixou marca na história da Medicina. “Não foi só Portugal, mas o mundo inteiro” que ganhou com as descobertas de Egas Moniz, afirma Kátia Guerreiro.

José Saramago - Prémio Nobel de Literatura 1998



Prémio Europeu de Comunicação Jordi Xifra Heras (Girona) 1998Prémio Nacional de Narrativa Città di Pienne (Itália) 1998Prémio Nobel de Literatura 1998Prémio Camões 1995Prémio de Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores 1995Prémio Vida Literária, da Associação Portuguesa de Escritores 1993Filho e neto de camponeses sem terra, JOSÉ SARAMAGO nasceu na aldeia de Azinhaga, província do Ribatejo, no dia 16 de Novembro de 1922, se bem que o registo oficial mencione, como data do nascimento, o dia 18. Seus pais emigraram para Lisboa quando ele não perfizera ainda dois anos de idade. A maior parte da sua vida decorreu portanto na capital, embora até ao princípio da idade madura tivessem sido numerosas, e às vezes prolongadas, as suas estâncias na aldeia natal. Fez estudos secundários (liceal e técnico) que, por dificuldades económicas, não pôde prosseguir. No seu primeiro emprego foi serralheiro mecânico, tendo exercido depois diversas outras profissões: desenhador, funcionário da saúde e da previdência social, tradutor, editor, jornalista. Publicou o seu primeiro livro, um romance (Terra do Pecado), em 1947, tendo estado depois largo tempo sem publicar, até 1966. Trabalhou durante doze anos numa editora, onde exerceu funções de direcção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na revista Seara Nova. Em 1972 e 1973 fez parte da redacção do jornal Diário de Lisboa, onde foi comentador político, tendo também coordenado, durante cerca de um ano, o suplemento cultural daquele vespertino. Pertenceu à primeira direcção da Associação Portuguesa de Escritores e foi, desde 1985 a 1994, presidente da Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Autores. Entre Abril e Novembro de 1975 foi director-adjunto do jornal Diário de Notícias. A partir de 1976 passou a viver exclusivamente do seu trabalho literário, primeiro como tradutor, depois como autor. Em Fevereiro de 1993 passou a dividir o seu tempo entre a sua residência habitual em Lisboa e a ilha de Lanzarote, no arquipélago de Canárias (Espanha). Está casado com Pilar del Rio.

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